Osteoporose
Prof. Dra. Julia M. D. Greve
02/04/2019
A osteoporose é uma doença dos ossos que acomete homens e mulheres e é uma das principais causas de fraturas nas pessoas mais velhas.
O osso é uma estrutura dinâmica que é remodelado todo tempo. Não é uma estrutura uniforme. É formado por uma matriz flexível (30%) e pelos minerais (70%).
Estas estruturas são remodeladas constantemente pelas células ósseas especializadas. Esta composição é única e permite que o osso seja leve, mas ao mesmo tempo duro e resistente.
A matriz óssea é composta por osteína, que são fibras colágenas flexíveis que aumentam a resistência às fraturas.
A matriz é envolta pelo fosfato de cálcio em um arranjo químico conhecido como hidroxiapatita, responsável pela rigidez do osso.
O osso é construído e remodelado durante toda vida pela atividade das células ósseas osteoblastos e osteoclastos.
O osso é um tecido muito ativo do ponto de vista metabólico e é composto por várias células (Figura 1).
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Osteoblasto – células envolvidas na criação e mineralização do tecido ósseo.
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Osteócitos – células ósseas maduras e calcificadas.
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Osteoclasto – células que reabsorvem o tecido ósseo, participando do remodelamento do osso.
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Células tronco hematopoiéticas – ficam na medula óssea e formam as células sanguíneas: glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas.
Figura 1 – Células do tecido ósseo. Fonte.
O osso é uma coleção de células vivas dentro de uma matriz orgânica mineralizada. O componente orgânico é formado por colágeno tipo I, que fornece a força de tensão do osso e a parte mineral (cálcio), formada por hidroxiapatita e outros sais de cálcio e fósforo, que dá a força de compressão.
O tecido ósseo se apresenta em dois padrões (Figura 2):
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Cortical – camada mais sólida e densa que envolve o osso. É formado pelo periósteo (externo) e endósteo (interno). O osso cortical é responsável pela textura lisa e cor branca dos ossos. Suas principais funções são: suporte corporal, proteção órgãos e alavancas do movimento. Também são os principais repositórios de cálcio e outros elementos minerais do corpo. É responsável por 80% da massa óssea.
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Esponjoso – mais poroso que forma a parte interna do osso e é uma rede de células porosas, bem menos denso que o osso cortical. O osso esponjoso é mais fraco e mais flexível, mas tem uma grande superfície que facilita a troca do cálcio. É muito vascularizado e contém a medula óssea, produtora de células sanguíneas. O osso esponjoso é encontrado nas extremidades dos ossos longos, perto das articulações e no corpo vertebral. É responsável por 20% da massa óssea, mas ocupa um grande volume do osso.
Figura 2 – Estrutura do osso humano. Fonte.
Durante toda a vida o osso sofre um processo de remodelação, com os osteoblastos formando osso novo e os osteoclastos removendo o osso velho.
Nas pessoas saudáveis e bem nutridas, este processo é equilibrado e mantém a qualidade do osso, mas se altera com o envelhecimento, principalmente pela redução gradual dos hormônios. Com o envelhecimento, há uma perda gradual da massa óssea e da densidade do osso, tornando-o mais fraco e mais susceptível às fraturas.
Este quadro é chamado de osteopenia ou osteoporose, de acordo com o grau de perda de massa óssea e pode ser assintomático e silencioso. O nome osteoporose é dado porque o osso, realmente se torna mais poroso, menos calcificado e, portanto, mesmo com traumas leves pode quebrar (Figura 3).
O exame de escolha para o diagnóstico da osteoporose é a densitometria óssea, que mede a densidade mineral óssea de um determinado segmento: massa óssea dividida pelo volume do segmento avaliado.
Figura 3 - Osso com osteoporose. Fonte.
A medida da densidade mineral óssea avalia se uma pessoa está dentro da normalidade para sua idade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) determina que densidade mineral óssea menor que 2,5 desvios-padrão da de um adulto jovem, significa osteoporose. Quando a diminuição é de 1,5-2,5 desvios padrão, existe osteopenia. Este índice é o T-Score. O Z-Score é a comparação com os valores da idade da pessoa avaliada.
A área verde da imagem da densitometria óssea mostra os valores normais da densidade mineral óssea de um adulto jovem e a áreas amarela e vermelha mostram os valores com osteopenia e osteoporose, respectivamente (Figura 4).
Figura 4 – Densitometria com osteopenia na coluna vertebral. Fonte.
Nas mulheres, a menopausa causa uma redução brusca no estrógeno, hormônio importante para o metabolismo ósseo, principalmente para incorporação do cálcio no osso. Há predomínio da ação dos osteoclastos com perda de quantidade e qualidade do osso formado. Esta ação pode que pode durar até cinco anos. A perda persiste após este período.
As mulheres com 60 anos ou mais anos tem maior risco de sofrer fraturas ao longo da vida que os homens: 44% versus 25%, respectivamente. Mas, na presença de osteoporose, o risco aumenta para 65% nas mulheres e 42% nos homens. 90% das mulheres com 80 anos apresentarão osteoporose. Incide prevalentemente em brancos e asiáticos, seguidos por pardos e negros. Mulheres asiáticas ou brancas com baixo peso ponderal são mais propensas a desenvolver osteoporose.
A prevalência de osteoporose nos homens com mais de 50 anos varia de 2 a 8%, mas de 30-50% grupo pode ter osteopenia. A perda de massa óssea inicia 10 anos mais tarde nos homens que nas mulheres. Os homens com mais de 50 anos têm 13% de probabilidade de sofrerem algum tipo de fratura relacionada com osteoporose versus 40% nas mulheres.
Quanto menor a densidade mineral óssea, maior o risco de fratura. O sedentarismo e músculos fracos podem agravar a osteoporose e o risco de fraturas. Uma das fraturas mais graves é a do quadril, que demandam cirurgias e hospitalizações, que aumentam o risco de complicações (Figura 5).
Figura 5 - Fratura de quadril. Fonte.
Outra fratura comum são as vertebrais, que podem ocorrer em vários segmentos da coluna vertebral (Figura 6).
Figura 6 – Corpo vertebral normal, com osteoporose e com fratura. Fonte.
Se você tem uma densitometria óssea recente, faça uma avaliação do seu risco de fratura. FRAX ® - Ferramenta de Avaliação de Risco de Fratura.
Os principais fatores relacionados com a osteoporose e maior risco de quedas são:
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Sedentarismo
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Músculos fracos
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Deficiência de equilíbrio
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Medicações que afetam o estado de consciência/ vigília
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Uso de corticosteroides por períodos longos
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Ingestão de bebidas alcoólicas e cigarro
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Dieta pobre em cálcio, potássio, vitamina K, vitamina D e proteínas
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Ingestão de café, sal e refrigerantes que aumentam a perda de cálcio pela urina.
Tratamento
O melhor tratamento para a osteoporose, ainda é a prevenção. Esta está diretamente relacionada com os hábitos saudáveis de alimentação e atividade física, que devem estar presentes durante toda a vida, quando se faz uma poupança de osso, que será usada nas idades mais avançadas.
A manutenção de uma atividade física regular, principalmente musculação (exercícios com carga) e caminhadas, é muito importante para a prevenção e tratamento da osteoporose. Exercícios com carga são definidos como qualquer exercício onde o indivíduo suporta peso com as pernas e/ou braços de acordo com a National Osteoporosis Society. Exercícios aquáticos (natação e hidroginástica) não são indicados para melhora da osteoporose pela ausência da ação da gravidade sobre a atividade óssea.
Nos casos diagnosticados com osteoporose, o tratamento medicamentoso deve ser instituído, quando necessário e depende da gravidade do quadro e do risco de fratura apresentado.
Os principais medicamentos disponíveis são: de dois tipos:
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Antirreabsortivos: diminuem a reabsorção óssea - bifosfonatos, calcitonina, estrogênios e os moduladores seletivos dos receptores de estrogênios (SERMs).
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Formadores de osso: fluoreto, paratormônio, teriparatida.
O uso dos medicamentos deve ser feito sobre estrita orientação médica para que se tenha bons resultados sem efeitos colaterais.
O tratamento da osteoporose, como todas as doenças crônicas, depende do uso correto dos medicamentos, mas também da incorporação de hábitos de vida mais saudáveis: dieta e atividade física adequada.